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Geralmente as pessoas dizem que não fazem atividade física suficiente para perder peso. Mas é bem provável que isso faça muito pouca ou nenhuma diferença para alcançar um peso saudável. Esse é um artigo que saiu no The Guardian, e mais uma vez o tema da atividade física volta a ser considerado um questão periférica (se tiver alguma relevância) no controle de peso. Colocar as atenções na mudança alimentar é certamente a atitude fundamental nessa questão.
Apenas
se exercitar não irá resultar em perda de peso, diz estudo
O exercício é
importante para a saúde, mas um estudo sugere que a atividade física por si só
não necessariamente queima calorias extras, e que a dieta deve ser o foco para
a perda de peso
Haroon Siddique
Quinta-feira, 28 de
janeiro de 2016 17.14 GMT
O
exercício isoladamente não é suficiente para perder peso, porque nossos organismos
chegam a um platô onde mais trabalho não significa necessariamente queimar calorias
adicionais, relatam pesquisadores.
Essa
equipe de pesquisa é a mais recente que desafia as estratégias de prevenção da
obesidade que recomendavam o aumento da atividade física diária como uma forma
de reduzir peso.
Em
um estudo, publicado na revista Current Biology (28/01/16), eles sugerem que
pode haver uma atividade física "sweet spot" (ponto ótimo de equilíbrio),
a partir do qual fazer a menos é pouco saudável, mas fazer muita atividade induz
o corpo a produzir grandes ajustes para se adaptar, limitando assim o gasto
energético total.
Se
for verdade, seria de alguma forma a explicação para a aparente contradição
entre dois tipos de estudo realizado por pesquisadores. De um lado, há estudos
que mostram que o aumento dos níveis de atividade tende a levar algumas pessoas
a gastar mais energia e de outro, há estudos ecológicos com humanos e animais que
mostram que as populações mais ativas (por exemplo caçador-coletores na África)
não têm maior gasto energético total.
O
prof. Herman Pontzer, da Universidade da Cidade de Nova York (CUNY), um dos
autores do novo estudo, diz que: "O exercício é realmente importante para
a sua saúde. Essa é a primeira coisa que eu afirmo a qualquer um que pergunte
sobre as implicações deste trabalho sobre se exercitar. Há toneladas de evidências
de que o exercício é importante para manter nossos corpos e mentes saudáveis, e
este trabalho não faz nada para mudar essa mensagem. O que o nosso trabalho
acrescenta é que também é preciso se concentrar na dieta, particularmente
quando se trata de gerenciar o nosso peso e prevenir ou reverter um ganho de
peso não saudável. "
Os
pesquisadores mediram os níveis diários de gasto de energia e de atividade física
de mais de 332 adultos procedentes de cinco países em toda a África e América
do Norte, ao longo de uma semana.
Eles
descobriram que a atividade física tem uma fraca influência no gasto energético
diário, mas apenas entre os indivíduos na metade inferior do espectro de atividade
física. Pessoas com níveis moderados de atividade tiveram maiores gastos de
energia diária - cerca de 200 calorias a mais - do que as pessoas mais
sedentárias. No entanto, pessoas que fizeram mais do que uma atividade moderada,
não tiveram acréscimo em termos de aumento da quantidade de energia dispendida.
Os
resultados poderiam ajudar a explicar por que as pessoas que iniciam programas
de exercícios com o objetivo de perda de peso muitas vezes observam um declínio
no emagrecimento - ou mesmo a reversão - depois de alguns meses.
À
luz dos seus resultados, os autores sugerem a revisão das orientações da
Organização Mundial de Saúde sobre como prevenir o ganho de peso e obesidade, que
sugere 150 minutos de atividade por semana para adultos (embora ele também
inclua aconselhamento dietético). Eles dizem que (aquelas orientações) deveriam
"refletir melhor a natureza restrita do gasto energético total e os
complexos efeitos sobre atividade física na fisiologia metabólica ".
No
Reino Unido, o conselho é de 150 minutos de atividade moderada por semana,
apesar de que - manter um peso saudável - seja apenas um dos benefícios listados.
O
exercício tem uma contribuição bem estabelecida para reduzir o risco de uma
variedade de doenças tais como a doença cardíaca coronariana, uma gama de cânceres,
acidentes vasculares cerebrais e diabetes tipo 2, bem como também tem destaque em
reduzir os sintomas de depressão e ansiedade.
Dr
Alison Tedstone, nutricionista-chefe da Saúde Pública da Inglaterra disse:
"Ser fisicamente ativo é bom para a sua saúde física e mental e também
ajuda a manter um peso saudável. No entanto, as evidências mostram que a maneira
mais eficaz de perder peso é reduzir a ingestão de calorias através de uma
dieta saudável e equilibrada. "
Dr
Asseem Malhotra, consultor cardiologista para o Fórum Nacional de Obesidade,
foi mais longe: "Nós sabemos que o exercício da maneira correta tem muitos
benefícios para a saúde, mas a perda de peso NÃO é um deles ", disse ele.
"Nós precisamos desassociar a obesidade com o exercício definitivamente. E
se nós estamos querendo combater a obesidade, isso vai acontecer somente pela
mudança do ambiente alimentar. "
Mas
a Drª. Frankie Phillips, nutricionista e porta-voz da Associação Dietética
Britânica, manifestou preocupação com a mensagem que esse estudo possa transmitir.
"É um estudo interessante e existe a possibilidade de que, se é muito, muito
ativo, possa haver alguma adaptação", disse ela. "Mas para a maioria
das pessoas que sequer fazem atividade moderada e é o que eles estão precisando
nesse momento, isso é crucial. Não vamos dispensar as pessoas (da atividade) antes
mesmo delas terem chegado a um estágio onde elas são moderadamente ativas.
"
O
próximo passo planejado por Pontzer e seus colegas é estudar como o corpo
responde a mudanças no nível de atividade, em uma tentativa de explicar como
ele se adapta às maiores exigências físicas sem consumir calorias extras.
Artigo original AQUI
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